terça-feira, 1 de julho de 2008

PORSCHE CAYMAN


A placa de 120 km/h com um risco na diagonal é a senha. Quando os alemães avistam essa sinalização na estrada, o pé direito automaticamente fica mais pesado. Ela significa que o limite 120 km/h ficou para trás, e agora ele depende de você — ou do que você dirige.

Estou num Porsche Cayman S, de 295 cv, e vejo a tal placa. Daí penso: “Na Alemanha, faça como os alemães”. Reduzo de quinta para terceira marcha pelo botão no volante e acompanho a rotação crescer até a faixa vermelha do conta-giros, localizado bem no centro do painel. Dentro do instrumento, um visor digital me conta a velocidade, que também pode ser conferida no relógio à esquerda. Já passamos dos 200 km/h e a agulha não pára de subir, rapidamente.

O ruído grave do motor em baixas rotações se transforma, a partir de 4.500 rpm, em um timbre metálico característico dos propulsores boxer, de cilindros opostos. O Cayman S segue firme, quer mais, tem estabilidade de sobra. O velocímetro, com escala de 50 em 50, já supera os 250 km/h e o conta-giros ainda está longe dos 7.300 rpm de seu limite. Poderia ter pisado mais — nosso cupê têm fôlego para encostar nos 270 km/h, garante a Porsche. Mas um carro à frente entra na pista da esquerda e alivio o pé. Até para pegar a saída que o GPS no painel estava indicando como meu caminho.

Levar um Porsche até quase 300 km/h é ótimo para aguçar os sentidos, mas garanto que no Cayman S isso é apenas parte da diversão. A aceleração de 0 a 100 km/h em 6,1 segundos, por exemplo, já eleva a adrenalina. Mas bacana mesmo é pegar uma estrada sinuosa, como fizemos assim que saímos da auto-estrada. Eu havia dirigido o novo 911 (não perca reportagem na Autoesporte de agosto) naquele mesmo trajeto no dia anterior. E quer saber? O Cayman S não anda tanto, mas “veste” ainda melhor. Como o motor 3.4 de seis cilindros boxer fica em posição central, logo atrás do motorista, a distribuição de peso do Cayman é mais equilibrada que a do 911. Com isso, ele consegue uma agilidade surpreendente nas curvas. Mesmo no limite, o cupê é neutro, até que revela uma ligeira saída de frente. Mas se você acelerar sem a ajuda da eletrônica (ou seja, com o controle de estabilidade PSM desligado), prepare-se para, aí sim, escapadas de traseira

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